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Visita de estudo a várias entidades no Porto
Por Engrácia Bastos (Professora), em 2016/12/231655 leram | 0 comentários | 183 gostam
Turmas dos Cursos de Ciências Socioeconómicas e de Humanidades (10º e 11º anos) visitam várias entidades no Porto e Vila Nova de Gaia
Texto: Ana Leite e Luís Abreu
Fotos: Márcia Macedo
(alunos de Ciências Socioeconómicas)

No passado dia 15 de dezembro, quinta-feira, as turmas de Ciências Socioeconómicas dos 10º e 11º anos e as turmas de Línguas e Humanidades dos mesmos anos participaram numa visita de estudo organizada pelas professoras Engrácia Bastos, Ivone Silva e Sónia Oliveira, no âmbito das disciplinas de Economia A e Geografia A.
Os destinos a visitar passavam pelo Porto de Leixões, Museu do Papel Moeda, Palácio da Bolsa e, por fim, as Caves de Vinho do Porto Ferreira.
Na infraestrutura portuária, a visita foi efetuada dentro do autocarro e orientada por uma guia (técnica) da entidade que controla este porto - APDL. Esta entidade dispõe de 200 funcionários e aluga o espaço a outras empresas, contando com cerca de 25000 pessoas a trabalhar no espaço, onde circulam, em média, por dia, 5000 a 7000 camiões, sendo proibido andar a mais de 50km/hora.
O Porto de Leixões estende-se ao longo de duas localidades: Leça da Palmeira a Norte e pelo concelho de Matosinhos a Sul. É constituído por 5 quilómetros de cais, 55 hectares de terraplenos e 120 hectares de área molhada. Representa 25% do comércio internacional português, sendo um dos portos mais competitivos e polivalentes do país.
A movimentação de mercadorias em Leixões é efetuada, quase na íntegra, por empresas concessionárias que possuem os mais modernos equipamentos. A autoridade portuária assegura os serviços de pilotagem, reboque e amarração.
O primeiro conjunto de contentores, situado na Doca 1, é controlado pela TCL, contendo vestuário, calçado, cortiça e vinho do Porto, sendo os contentores brancos - com propriedades refrigeradoras, destinados ao transporte de alimentos ou flores das ilhas da Madeira e Açores. No mundo só existem duas medidas de contentores (TEU 1 e TEU 2, equivalente a 20 e 40 pés). No local estavam estacionados uns navios amarelos (rebocadores) que são dos mais importantes do porto, apesar de pequenos são essenciais para manobrar os navios maiores que trazem cargas.
Os pilotos deste porto representam a profissão de maior risco, uma vez que são eles que trazem o navio com as cargas até ao cais e não o capitão do próprio navio, pelo que fazem a transição de uma lancha para o navio através de uma pequena escada - a partir da qual têm que saltar no alto-mar, muitas vezes em condições muito adversas.
A Doca 2 Norte é controlada pela TCGL, que exporta granito de Penafiel, acondicionado no porão dos navios, e componentes eólicas de Viana de Castelo. Também importa para a BA – Fábrica de Vidros Barbosa & Almeida, S.A.,de VNG.
Portugal tem escassez de cereais,recorrendo à importação. O Porto de Leixões dispõe de um Terminal Agroalimentar equipado com silos que suportam 2500 toneladas de cereais e possui um guindaste ecológico que permite a descarga num funil para entrar num camião de caixa aberta. Por sua vez, os navios Panamax trazem 4500 contentores de uma vez. No entanto, a guia informou que já existem navios com capacidade para 13 mil contentores. No Porto de Sines (de maior dimensão) atracam navios com 18 mil contentores.
Um espaço neste porto tem sucata, importada de Leste pela Siderurgia Nacional e transformada em vigas de ferro, que entraram por comboios pelo Porto de Leixões, com o objetivo de ser exportada para África, destinada à construção civil. Esta atividade provoca bastante ruído, ou seja, uma externalidade negativa.
Tivemos a oportunidade de observar na Doca 2 grandes quantidades de estilha de madeira comprada a países sul-americanos (Peru), transformada em papel para venda na Europa. A estilha liberta cheiro e pó para a cidade (externalidade negativa).
O Terminal Multiusos (TM) está localizado na zona Sul do Porto de Leixões, estando alugado à CIMPOR. A SBG controla os silos azuis com melaço e a CEPSA controla os silos cinzentos com crude. Por sua vez, a GALP controla o terminal petrolífero que recebe as descargas de petróleo dos navios titãs em alto-mar e, com auxílio de rebocadores, descarrega-o em oleodutos para a refinaria da PETROGAL.
Existem um tipo de navios especiais “Ro-Ro”, que transportam mercadorias rolantes, que vêm três vezes por semana e que têm como destino Roterdão.
No dia 24 de julho de 2015, foi inaugurado um novo terminal de cruzeiros de Leixões, da autoria do arquiteto Luís Pedro Silva, que acolhe enormes navios com 3000 passageiros e 1500 tripulantes. Os pisos zero e 1 estão afetos ao turismo, o piso 2 é reservado para estudos da Universidade do Porto, e o piso 3 possui um Salão Nobre com janela panorâmica, sendo alugado para eventos.
Outro aspeto evidenciado pela anfitriã prende-se com o sentido de responsabilidade social da entidade responsável pela gestão do Porto de Leixões, pois garante a limpeza cuidada do espaço e colocou uma barreira de contentores para impedir que a comunidade local visualize a estilha ou outros resíduos (sucata) e poeiras. Uma das estratégias montadas é regar a estilha e sucata. A APDL pratica a responsabilidade social ao disponibilizar ginásio, cantina, bar e colónia de férias aos seus colaboradores.
Tivemos a possibilidade de observar a estação de comboios de mercadorias projetada por Francisco Providência, Prof. da UP.
Outra novidade relevante nesta visita foi o facto de tomarmos conhecimento que um eng.º informático concebeu um sistema JUP (Janela Única Portuária) que permite a qualquer camião que entra no Porto de Leixões seja facilmente identificado, pesado, fotografado, medido, tornando a expedição rápida (30 min.). Muitas empresas importam os componentes para o fabrico de produtos e montam-nos na plataforma logística, embalam e exportam, sem saírem do local.
Da parte da tarde, os alunos de Humanidades foram visitar o Palácio da Bolsa enquanto nós fomos para a Fundação Dr. António Cupertino de Miranda, onde se encontra o Museu do Papel Moeda. Nesta instituição tivemos uma visita guiada pela Dra. Sónia Santos. Foi-nos apresentada uma coleção de 5 mil carros em miniatura, não contando com os que estavam no decorrer da escadaria, e um filme animado sobre a história do dinheiro no mundo inteiro. Seguidamente, passámos a apreciar as diversas coleções de notas que circularam no país, mesmo as mais raras, que nem o Banco de Portugal detém no seu espólio. Entretanto, a responsável do serviço educativo informou-nos dos itens de segurança das notas (Papel, Impressão em relevo, Janela com retrato, Marca de água, Filete de segurança, Holograma com retrato e o Número esmeralda) e também a história da estética das notas e seus desenhos: €5-clássico, €10-românico, €20-gótico, €50- renascentista, €100-barroco e rococó, €200-arquitetura em ferro e vidro do século XIX, bem como as lotarias e sua origem humanitária.
A história mais interessante que a Dra. Sónia partilhou connosco foi a de Alves Reis, o maior burlista português, cabecilha da maior falsificação de notas de banco da História: as notas de 500 escudos, em 1925.
O primeiro banco português foi o banco do Brasil, fundado por D.João VI, em 1808, destacando-se pelo primeiro papel-moeda do Brasil, quando foi obrigado a fugir de Portugal, durante o ataque das tropas napoleónicas.
As moedas eram o objeto de eleição das pessoas para pagar as despesas, sendo as notas descartadas pelas sociedades, mesmo valendo o mesmo, as pessoas queriam trocar as notas que possuíam por moedas, pois pensavam que era só um pouco de papel com tinta, até que o banco de Lisboa impediu, pois seria preciso uma quantidade ilimitada de moedas.
Pela nossa história toda não só vemos grandes homens, que ajudaram na evolução do nosso país, como também o maior vigarista de todos tempos, o português Artur Virgílio Alves dos Reis, o cabecilha da maior falsificação de notas do banco da História.
Nesta fase da visita foi tirada uma foto conjunta no hall da instituição pela nossa anfitriã.
No fim do dia visitámos as Caves de Vinho do Porto Ferreira, onde aprendemos como e onde é que eles fabricam o vinho tinto: tawny e ruby e o vinho branco, bem como a diferença entre eles.
O vinho do Porto Ferreira é cultivado nas regiões do Douro, mas o processo de fabrico acaba em Vila Nova de Gaia, onde as suas caves se situam. O vinho do Porto Ferreira Ruby é de cor rubi intensa e bem definida, os seus aromas intensos lembram fruta muito madura, conseguidos pelo natural envelhecimento em madeira, normalmente é servido com queijos e com sobremesas de chocolate ou tartes de frutas. O Tawny tem um fresco e delicado aroma a especiarias e a frutos secos adquiridos durante o envelhecimento em madeira de carvalho, é servida com sobremesas com caramelo ou café, queijos fortes e para acompanhar frutos secos.
O vinho Porto Ferreira branco tem uma cor amarela-palha, aromas frescos, mas intensos, com variações frutais e florais, é um aperitivo ideal.
O vinho Porto Ferreira tinto quanto mais tempo envelhecer, menos intensa é a cor, e o branco quanto mais tempo envelhecer, mais alaranjada é a cor.
A guia das Caves Porto Ferreira após ter apresentado o historial da entidade e os seus principais produtos, as castas, as particularidades dos recipientes onde estão acondicionados (cascos e cubas), Porto Vintage, temperatura, e abordado a fraca luz da área de armazém, conduziu-nos pelas instalações, com paragens obrigatórias, para prestar esclarecimentos importantes sobre os diferentes espaços, equipamentos e produtos, apreciar garrafeiras de relíquias e fotos antigas das vindimas do Douro e instrumentos de trabalho usados outrora, terminando com uma prova de vinho do Porto pelas docentes.
Em suma, podemos dizer que foi uma visita muito enriquecedora a todos os níveis, onde tivemos oportunidade de contactar com diversas realidades interessantes, que nos possibilitam associar o saber teórico ao prático e ficar mais competentes ao nível do curso de ciências socioecónomicas que frequentamos.
Deixamos um agradecimento especial a todos os que tornaram possível esta experiência.

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